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A sociedade da desinformação

Na década de 1970, Daniel Bell, sociólogo estadunidense, cunhou o termo ‘sociedade da informação’ para enfatizar a crescente importância da informação no período pós-industrial.

O acelerado desenvolvimento das tecnologias de comunicação, que culminou com a chegada da Internet, popularizou o termo, e entramos no século XXI aprendendo a conviver com as implicações do que passamos a chamar de Nova Economia.

Num primeiro momento, houve um certo encantamento pela possibilidade de democratização do acesso à informação e surgiu a ideia da Sociedade do Conhecimento.

Mas na medida em que todo cidadão passou a ser, potencialmente, um produtor e divulgador de conteúdo, e as redes sociais ampliaram o alcance de suas mensagens, as ‘regras’ do ecossistema de comunicação foram desafiadas e o cenário ganhou ares caóticos.

As autoridades institucionais (governos e grupos de mídia) deixaram de ter o controle exclusivo do discurso, e a realidade tornou-se fluída.

"O que são os fatos diante da força dos argumentos?"

Chegamos em 2020 mais conscientes de que os fatos não resistem à força dos argumentos, fadados a garimpar verdades em meio a informações que poderiam ser inventadas por internautas ou distorcidas pela imprensa tendenciosa.

Escolhemos nossos vilões, as redes sociais e seus algoritmos, a quem acusamos de todas as mazelas, desde a manipulação da distribuição das informações até as crises de depressão. Apontamos como inimigos as pessoas e instituições com as quais não concordamos. E, com o natural atraso, buscamos legislar sobre o passado, enquanto o futuro promete ser mais complexo.

No centro desta confusão está, como sempre, o ser humano, que produz, publica e compartilha informações falsas ou viesadas, animado por interesses econômicos, políticos, sociais, pessoais ou por pura diversão.

Somos lobos e cordeiros, cobaias em um grande laboratório que ajudamos a construir e para o qual trabalhamos diariamente. Preocupamo-nos com o dia em que a inteligência artificial irá superar nossas forças, enquanto ela explora nossas fraquezas. Bradamos em prol de um mundo melhor, mas cada um de nós quer o melhor para si.

Fato é que a realidade é constituída por informações, verdadeiras ou falsas, aleatórias ou coordenadas por grupos de interesse.

Temos duas alternativas: escolher a versão que mais nos convém e ajudar a repercuti-la ou romper as bolhas, escapar dos algoritmos e acessar e questionar todas as versões possíveis para expandir nossa consciência. A primeira é mais cômoda, e possivelmente nos colocará a serviço dos interesses de terceiros. A segunda é mais trabalhosa, mas aumenta a probabilidade de sermos protagonistas da realidade.

O que não podemos ignorar é que cada opinião que compartilhamos é uma pedra que disponibilizamos para a construção dos castelos do futuro.

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© 2020 by Flávio Ferrari

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